quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A Antropologia das Emoções no Brasil



Mauro Guilherme Pinheiro Koury - * Professor de Antropologia e Coordenador do GREM – Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia da Emoção e do GREI – Grupo Interdisciplinar de Estudos em Imagem, na Universidade Federal da Paraíba.

Este ensaio busca fazer um balanço de autores considerados comoprecursores da análise antropológica, procurando compreender como sentiram etrabalharam a questão da emoção em suas análises. Visa a seguir, apresentar ocampo disciplinar da Antropologia das Emoções no estado da arte atual dadisciplina, passando em revista os seus principais autores e temáticas trabalhadasna antropologia brasileira. O que possibilitará uma compreensão maior sobre asbases do processo de constituição e de consolidação da Antropologia das Emoçõescomo disciplina específica no campo das Ciências Sociais no Brasil. A Antropologia das emoções, como campo disciplinar específico, surgiuconcomitante ao processo de consolidação da antropologia geral, embora, enquantoespecialidade em busca de suas próprias fronteiras tenha seu processo formativo,no mundo ocidental, a partir da metade da década de setenta do século XX. Suaemergência parece obedecer a uma série de fatores advindos do conjunto de críticasno interior do campo das ciências sociais desde os finais da década de cinqüenta etoda a década de sessenta do século passado à lógica linear das análises sociais decunho mais estrutural que relegavam para o segundo plano a ação social individuale, por conseguinte, os atores sociais e sua vida emocional. No esforço de umarevisita crítica, tais estudos tiveram a preocupação de apontar os autores clássicosda sociologia que colocaram a questão da intersubjetividade como elementofundamental da análise sociológica. A Antropologia das Emoções parte, deste modo, do princípio de que asexperiências emocionais singulares, sentidas e vividas por um ator socialespecífico, são produtos relacionais entre os indivíduos e a cultura e sociedade. Aemoção como objeto analítico das Ciências Sociais, pode ser definida, então, comouma teia de sentimentos dirigidos diretamente a outros e causado pela interaçãocom outros em um contexto e situação social e cultural determinados (KOURY,2004). Em sua fundamentação analítica vai além do que um ator social sente emcertas circunstâncias ou com relação às histórias de vida estritamente pessoal.

A consideração, a compreensão e a definição da situação dos atores sociaisimersos em uma sociabilidade e em cultura emocional particular, desde então,parecem fazer parte, cada vez com mais vigor compreensivo, da análiseantropológica. A preocupação teórico-metodológica que norteia os debates desdeos primeiros indícios e sinais formadores da Antropologia das Emoções dizrespeito, assim, aos fatores sociais que influenciam a esfera emocional, como seconformam e até onde vai esta influência.A Antropologia das Emoções busca, deste modo, investigar os fatoressociais, culturais e psicológicos que encontram expressão em sentimentos eemoções particulares, compreendendo como esses sentimentos e emoçõesinteratuam e se encontram relacionados com o desenvolvimento de repertóriosculturais distintivos nas diferentes sociedades. A percepção da singularidade dossujeitos, social e historicamente determinados, que embora pertencentes a ummesmo e global processo civilizador e com valores universais da sociabilidadeocidental, mantêm características, princípios e ethos particulares da cultura em queestão imersos, parece ser uma das tarefas que a Antropologia das Emoções estáenvolvida e se propõem como base analítica. A Antropologia das Emoções, assim, é um campo de reflexão que buscarevigorar a análise antropológica introduzindo perspectivas novas e importantes dagrande questão interna da antropologia em geral, como disciplina, que é a daintersubjetividade. A Antropologia das Emoções no Brasil A Antropologia das Emoções no Brasil tem uma vida bem recente. Surgecomo uma tendência afirmativa de um campo disciplinar, principalmente, a partirdos anos noventa do século passado. A discussão e as análises sobre a emoçãosocial, porém, tem uma vida mais longa e pode ser conectada, inclusive, com osestudos e estudiosos fundadores do pensamento das Ciências Sociais brasileiro. Apesar da problemática sobre a emoção ter sido importante para aspesquisas antropológicas nas Ciências Sociais brasileira desde o seu nascimento,ela não foi usada, porém, como objeto de pesquisa próprio, funcionando nomáximo, como uma variável interveniente na análise do social.O conceito de emoção está presente nos estudos de Gilberto Freyre (1966,1990, 1990a) com o ensaio inovador sobre a cultura e as relações sociais durante oprocesso de colonização brasileira, tanto quanto nos trabalhos realizados por SérgioBuarque de Holanda (1994) com a sua teoria do homem cordial. Envolve, também,o universo de pesquisas de autores vários como Roger Bastide (1983), em suaestada no Brasil, e os importantes estudos de Oracy Nogueira (1942 e 1945), entretantos outros. Em todos estes autores as questões das emoções e das relações intersubjetivas no construto social foram sempre uma das problemáticasdefinidoras da busca de identificação de bases compreensivas para a realidadebrasileira, porém, ainda, sendo conjeturadas através de outros objetos e não a partirda categoria analítica das emoções.Nos anos setenta do século XX, os estudos de Roberto DaMatta convocammais uma vez os estudiosos para prestarem uma atenção especial a questão daemoção. Na discussão sobre o Brasil por ele travada, embora sem estabelecer umparâmetro próprio para a emoção enquanto categoria analítica em suas análises,levanta hipóteses onde o sentimento e sua forma de expressão no social perpassa aconstituição do público e do privado brasileiro.Em A Casa e a Rua discute o conceito de sociedades relacionais versussociedades individualistas (DaMATTA, 1987), opondo os dois tipos deorganização social delas oriundas e conectando à lógica brasileira à lógica inerenteao primeiro conceito de sociedade. Este parâmetro analítico o acompanhará porquase toda sua obra (Da MATTA, 1979, 1994 1999), onde buscará entender ocotidiano brasileiro, seus rituais e modelos de ação dentro de um método estruturalbaseado, em amplos termos, na leitura de Marcel Mauss (1974) e, sobretudo, Louis Dumont (1985) sobre o problema do individualismo e da diferenciação analíticaentre indivíduo e pessoa no social.Parte de uma análise do cotidiano e dos rituais e modelos de ação social, noesforço de compreensão da realidade, através de uma costura analítica que tencionaindivíduo e pessoa, como categorias que se articulam de modo peculiar naformação de um social e de uma sociabilidade específica. Elabora, desta maneira,uma leitura antropológica da realidade brasileira dentro de um modelo dual deanálise que contrapõe pessoa e indivíduo. Os modelos de ação e rituais cotidianos no Brasil, para ele, envolve umaoposição entre duas lógicas presentes na sociabilidade brasileira. A primeira, seriauma lógica institucional. Lógica esta visível e superficial, onde o indivíduoemergiria como sujeito estatístico e submetido a leis impessoais do social. Asegunda, por sua vez, seria uma lógica culturalista, estruturante do imaginário einconsciente brasileiro, onde a pessoa emerge como ser relacional, submetido aesferas hierárquicas do sistema social. Este oposição sempre tensa é resolvida através da dominância do elementopessoa sobre o individualizante e abstrato, que restaura a harmonia dos conflitosentre casa e rua pela lógica hierárquica inerente a atitude relacional com referênciaao sistema social presente no conceito de pessoa. A compreensão da realidadesocial brasileira, da cultura e da trama das emoções dela emergida, para Da Matta,deste modo, se dão através de uma leitura estrutural da sociedade. É através dasleis, normas e valores de um sistema social que se pode compreender ocomportamento dos sujeitos individuais nele presentes. Rejeita, assim, uma análise que valorize as relações subjetivas entre os indivíduos e que parta de uma trocaentre indivíduos e sociedade para compreensão de um social determinado. Outro autor importante na configuração de uma sociologia e de umaAntropologia das Emoções no Brasil é Gilberto Velho. Velho (1981, 1985, 1986,1988, 1999) em seus estudos e pesquisas enfatiza a cultura emocional,principalmente das classes médias no Brasil urbano contemporâneo. Como Da Matta, parte de uma dualidade estruturante da realidade brasileira entre sistemashierárquicos e individualistas, baseando-se a sua visão de hierarquia na análisedumoniana entre sistemas individualistas e holistas. Diferente de Da Matta, porém, que busca uma espécie de um padrão únicopara interpretação do ser social e cultural brasileiro, parte do pressuposto de umadiversidade de padrões comportamentais e de sistemas individualistas e holistas nasociedade nacional e enfatiza que procura compreender o social brasileiro dasclasses médias urbanas através da lógica individualista. Discute a emergência doindivíduo psicológico no Brasil urbano e o individualismo crescente das camadasmédias urbanas das grandes metrópoles, especialmente da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Enfatiza os modos de vida e comportamentos no urbano, re-arranjosfamiliares e de amizade, a lógica individualista dos projetos de vida emcontraponto com os projetos sociais dentro de uma leitura teórico-metodológica degrande influência simmeliana, que mistura a análise fenomenológica com a análiseinteracionista da Escola de Chicago, principalmente de autores como Robert Park, George Mead, Herbert Blumer, Erving Goffman e Howard Becker, sem desprezarcontudo a leitura atenta de autores como Marcel Mauss, Claude Levi-Strauss eLouis Dumont. Elabora uma análise profunda sobre as questões ligada à relaçãoentre subjetividade e objetividade na análise do social, bem como sobre aproblemática das emoções e da cultura emocional urbana na contemporaneidadebrasileira. A problemática da relação tencional entre indivíduo e cultura é um temarecorrente na obra de Gilberto Velho. As relações entre indivíduo e cultura marcamuma dualidade que parece se manifestar e se expressar de diferentes formas emoutras relações como as entre o grupo e seus membros, entre os projetosindividuais e os campos de possibilidades oferecidos para seu aparecimento erealização, entre a questão da unidade individual e social e da fragmentação nassociedades complexas, da tensão entre consenso e conflito, norma e desvio, nabusca de demonstrar o caráter heterogêneo do urbano onde diferentes projetos, individuais e coletivos, se chocam e se interpenetram.Um dos conceitos fundamentais em Gilberto Velho para tratar destaheterogeneidade e das tensões relacionais entre indivíduo e cultura em umasociedade complexa é o de projeto. Para ele, seguindo de perto a análise feita por Alfred Schutz (1970), a noção de projeto implica uma avaliação de meios e finsestando, portanto, fortemente vinculada a uma realidade objetiva e externa.Implica, também, é claro, uma avaliação consciente de condições subjetivas. Anoção de projeto individual para Velho, deste modo, não é um fenômenopuramente interno e subjetivo, mas formulado e elaborado dentro de um campo depossibilidades, e circunscrito histórica e culturalmente, tanto em termos da próprianoção de indivíduo como dos temas, prioridades e paradigmas culturais existentes. Para ele, cada indivíduo é um lócus de tensão entre os constrangimentos dacultura que pedem o enquadramento a padrões, e outros constrangimentos decultura que pedem ao indivíduo autonomia e singularidade. O equilíbrio entre estespedidos contraditórios é uma das tarefas diárias dos indivíduos nas sociedadesocidentais contemporâneas. O que o leva a desenvolver as temáticas do ser no mundo, das ideologiasindividualistas, das alianças, das diferenças individuais, da questão geracional, daproblemática da família, da psicologização das sociedades urbanascontemporâneas, da relação entre racionalidade e emoção, das relações entrecultura objetiva e subjetiva, cara a análise simmeliana, onde a questão da paixãoascende como um elemento compreensivo fundamental no jogo ambivalente deformação dos sujeitos sociais e individuais na sociabilidade urbana contemporâneae, principalmente, para o entendimento da emergência, fundação, modos de agir esignificar dos indivíduos pertencentes às camadas médias urbanas, sobretudo, nasociabilidade brasileira e carioca, de modo particular.Gilberto Velho, deste modo, é um dos autores fundamentais para acompreensão da questão das relações entre subjetividade e sociabilidade quemovimenta os quadros teóricos e dão suporte interpretativo ao pensamento recentee estruturador de uma Antropologia das Emoções no Brasil.Luis Fernando Dias Duarte (1981, 1983, 1986 e 1987) é um outropesquisador importante para a construção de um pano de fundo teórico onde seassenta a emergência e fundamento de uma Antropologia das Emoções no Brasil. Oseu trabalho tem uma preocupação com a questão da relação entre subjetividade ecultura, com uma elegante e importante discussão sobre a emergência do indivíduona sociabilidade ocidental e brasileira em particular. Investigou as noções de pessoa e modernidade na sociedade ocidentalcontemporânea (1983) e a questão da identidade e sistemas de representação,i ndivíduo e pessoa entre as classes trabalhadoras urbanas, discutindo a questão daemoção e sua importância para a análise social e cultural, seja através dareligiosidade (1983) agressividade verbal (1981) vergonha (1987) saúde mental esofrimento psíquico, através da categoria do nervoso (1986) entre trabalhadoresurbanos. Atualmente tem se preocupado com a questão do sofrimento social nasclasses populares e médias no Brasil urbano.
É importante destacar, aqui, o crescimento, desde o final dos anos oitenta doséculo passado na análise antropológica brasileira de estudos ligados àproblemática da saúde e do sofrimento social entre trabalhadores no Brasil, bemcomo a questão da emergência do indivíduo psicológico entre as camadas médiasurbanas brasileiras. Estes estudos e pesquisas têm como centros produtores, osgrupos de pesquisa em antropologia social no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul, na Bahia e no Paraná.Uma outra série de estudos importantes para a construção da Antropologiadas Emoções no Brasil tem sido desenvolvida por pesquisadores que correlacionamas temáticas de gênero e envelhecimento. Myriam Moraes Lins de Barros (1987 e1989), Cornelia Eckert (2003), Clarice Peixoto (1993 e1994), Alda Britto da Motta (1996 e 2002) entre outros, têm se dedicado à discussão da identidade, das visõesde mundo, da memória, dos re-arranjos sociais, dos modos de vida e esferasafetivas, a partir de uma ótica das emoções correlacionando gênero e envelhecimento.Maria Claudia Coelho (2003) faz uma importante contribuição ao estudo dadádiva, discutindo a relação dádiva e emoção. Claudia Rezende (2002, 2002a, 2003), a partir do final dos anos noventa do século passado, adota a antropologiadas emoções enquanto linha de pesquisa específica para estudar a questão daamizade. Faz uma análise comparativa da emoção amizade entre cariocas elondrinos tentando comparar e identificar modos de vida e organização emocional esocial no Brasil e na Inglaterra. Os Significados da Amizade (2002) é um estudo comparativo sobre aamizade em dois contextos culturais bastante diversos: as cidades do Rio de Janeiroe de Londres, neles a autora procura compreender como a linguagem da amizadelança luz sobre o modo de construir e reforçar hierarquias sociais. Aprofunda ostipos de sociabilidade que serviram como suporte formativo e imaginário para asnoções de amizade existentes em cada uma das culturas estudadas e realiza, paratal, uma incursão no campo teórico da antropologia da emoção, produzindo umaetnografia sobre os significados e práticas sociais e culturais da amizade e suasrelações de classe, gênero e, no caso brasileiro, além, sobre a problemática racial. Os estudos realizados por Rezende são contribuições importantes para aconsolidação de uma antropologia das emoções no Brasil. Mostra afinidade comautores como Simmel, Weber, Elias e Foucault, e discute precursores brasileiroscom DaMatta e Gilberto Velho, entre outros, que procuram explicitar a emergênciade uma subjetividade singular vinculada às mudanças históricas e culturais nomundo ocidental. Elabora, por fim, uma síntese importante dos pressupostosteórico-metodológicos que norteiam a configuração analítica dentro das ciênciassociais da emoção no Brasil. Atualmente vem trabalhando com a problemática dos sentidos da amizade e da cordialidade presentes no pensamento social brasileiro dos últimos cem anos. Mauro Guilherme Pinheiro Koury também vem pesquisando desde 1993 nointerior da antropologia da emoção. Busca trabalhar com as imagens e suasrepresentações imaginárias e simbólicas na conformação do homem comum urbanobrasileiro, as redundâncias, ambivalências e ambigüidades do ato executado ouexpresso, os silêncios, os discursos e narrativas fragmentados, os gestos e tiquesque invariavelmente acompanham um diálogo ou informação e, às vezes, ampliam,modificam ou contextuam além da própria frase os sentidos do que se querexpressar. Os seus trabalhos abrem-se em três vertentes de preocupação. De um lado, àdiscussão da relação entre o sentimento de luto e a problemática da formação doindivíduo e da individualidade no Brasil urbano contemporâneo, do outro, àsquestões sobre imagem e sentimento e, por fim, a da relação entre medo e cidadena contemporaneidade brasileira. A primeira vertente de preocupação de Koury sobre a relação entre luto esociabilidade (1993, 1999, 2002, 2003, 2005), procura compreender as mudanças epermanências, conflitos e ambivalências, nos modos de vida e imaginário urbanobrasileiro a partir dos anos setenta do século XX. Tem por referência o processo deindividualismo que vem se processando a passos largos no Brasil atual. Faz um balanço do processo de formação e reestruturação vivida pelasociedade brasileira, desde o século XIX aos dias atuais, se detendo, particularmente, nos últimos trinta anos do século XX. A partir de uma releituraaproximativa das obras de Norbert Elias, Georg Simmel e Marcel Mauss, buscapensar a relação entre as alterações na estrutura social e as mudanças nas emoçõesdos indivíduos e os processos sociais envoltos na difusão e recriação contínua denovos modelos comportamentais que refluem sobre formas originais de expressãodo sentimento na sociabilidade urbana brasileira. Os seus estudos buscam compreender os novos e velhos suportes queparecem debater-se nas atitudes e modos de vida atual do homem comum de classemédia brasileiro, de forma ambivalente e ambígua e que o permite viver a criseatravés de um sentimento moral em processo de fragmentação, tornando-os maissolitários e em processo de crescente individualização. Que formas pessoais esociais são experimentadas na situação limiar do luto e que instâncias e debatesinternos e externos asseguram aos atores envolvidos o ajustarem-se aos ritmos dacultura e da organização social local e nacional? Quais os mecanismos que sedelineiam como fomentadores e realimentadores dos processos cultural e social nanova reconfiguração da relação indivíduo e sociedade no país? Até que ponto elespermitem compreender os movimentos de reafirmação do societário instituído, como lugar de pertença, e desilusão, isto é, sempre se movendo sob novas roupagens e significados e, ao mesmo tempo, em contínua instituição? Estas sãoquestões compreensivas que perpassam as análises e indagações do autor sobre afundação e formulação de novas etiquetas e agendas comportamentais e sobre acontinuidade a elas simultâneas, de uma mesma lógica de estruturaçãotradicionalmente satisfeita no país, embora vivida como descontinuidade e comgrande sofrimento social e pessoal no cotidiano das interações. A segunda vertente trabalhada por Koury (1998, 2001, 2002b, 2003, 2003a,2003b, 2005), busca um aprofundamento das relações entre imagem esociabilidade, principalmente através de uma análise crítica da fotografia e suasrelações com a problemática dos sentimentos, da memória, dos estados liminares eda questão sempre tensa entre subjetividade e objetividade na análise do social. Osseus trabalhos, junto com autores como Moreira Leite (2001), Feldman-Bianco e Moreira Leite (1998) e Titus Riedl (2002), entre outros, visam construir pontesimportantes entre as ciências sociais da emoção e a antropologia visual e daimagem, discutindo e contribuindo para um aprofundamento da análise dasemoções e da imagem nas ciências sociais. É importante frisar, também, que as discussões levadas pela antropologiavisual e da imagem no Brasil, sem dúvida, tem dado ênfase e um suportefundamental ao aprofundamento da relação entre subjetividade e sociabilidade noBrasil contemporâneo, e para a análise das emoções, ajudando a traçar as tênuesfronteiras existentes entre as duas especialidades e entre as disciplinas sociologia eantropologia em geral no Brasil, bem como assegurar um quadro deinterdisciplinaridade como fundamento básico de ampliação e suporte nas áreas emquestão. Outra problemática tratada por Koury, é a da relação entre medo e cidade. Esta nova problemática investigativa se dá a partir de 2001, quando retomadiscussões que já vinha realizando desde a segunda metade da década de oitenta doséculo passado sobre a formação do homem comum no Brasil e a construção de umdiscurso modernizador e disciplinador da cidade (KOURY, 1986, 1988), sobre aquestão da pobreza, da violência e cidadania no Brasil (1994 e 2003d), e sobre ossentidos de pertença e sua relação com as noções de confiança, lealdade, medo datraição, ou da insegurança individual e as redes vinculares que dão sustentáculo ebase de apoio à sociabilidade (2002a e 2003c). Koury (2002a, 2002b, 2005a, 2005b, 2005c), desde então, vem organizandouma série de investigações sobre a emoção medo no urbano brasileirocontemporâneo. Nos seus estudos parte da hipótese de que a emoção medo é umaconstrução social significativa, através de uma leitura simmeliana do segredo e dasformas de sociabilidade e construção do indivíduo na modernidade ocidental. Para Koury, em toda e qualquer forma de sociabilidade o medo encontra-sepresente como uma das principais forças organizadoras do social. O fenômeno do medo, para ele, se coloca então como fundamental para se pensar os embates deconfiguração e processos de sociabilidades e de formação dos instrumentos daordem e da desordem que desenham dialeticamente a ação dos sujeitos e grupos emrelação. Processos que compreendem um jogo permanente de manutenção, conformação e transformação de ensaios sociais e individuais realizados enquantoredes de conflito que informam e formulam um social historicamente determinado. Uma outra temática emergente nos estudos de Antropologia das Emoções éa análise do sofrimento social. Koury (1999, 2003b, 2004) e Barreto (2001, 2002) têm desenvolvido trabalhos que abordam o discurso de naturalização e banalizaçãodo sofrimento na sociedade brasileira, e a expressão dos sentimentos deinevitabilidade e indiferença nos discursos e narrativas sobre a problemática daviolência e de situações limites, principalmente no urbano, no imaginário social doBrasil contemporâneo. Cornelia Eckert (2000, 2003) junto com Ana Luiza Carvalho da Rocha (2000, 2000a, 2000b, 2000c, 2001 e 2002), bem como Maria Cristina GonçalvesGiacomazzi (1997), vêem trabalhando a temática da relação entre medo e cidade,privilegiando a região sul do país. As duas primeiras autoras tratam do sentimentomedo através das experiências narradas por indivíduos pertencentes às camadasmédias na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, a partir de estudosetnográficos desenvolvidos entre os anos de 1997 a 2000. Giacomazzi, por sua vez, trabalha a problemática dos medos no urbano através de um estudo etnográfico demoradores pobres da periferia de Porto Alegre. As preocupações deste núcleoreferem-se à questão da violência urbana e da cultura do medo, vividos de formareal ou imaginária, e que inferem transformações estéticas no ethos, nas estratégiascotidianas e nos estilos de vida das populações estudadas, face ao sentimento devulnerabilidade e insegurança dimensionadas nas experiências singulares dosentrevistados. Este é um panorama breve, por fim, dos trabalhos, temáticas e autores que, de uma forma direta ou indireta, vem contribuindo para a consolidação da Antropologia das Emoções no Brasil, como campo disciplinar de expansão recentee em processo de consolidação.
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